Fui, finalmente, conferir o mais novo longa de Selton Mello, "O palhaço". É um filme com matizes poéticos e filosóficos. Selton, como sempre, vale o ingresso. O filme narra a história de um grupo de saltimbancos liderados pela dupla de palhaços (pai e filho) Puro Sangue e Pangaré, lindamente vividos por Paulo José e Selton Mello. Em crise de identidade, ironicamente hiperbolizada pela ausência do documento propriamente dito, Benjamin segue a rotina de armar e desarmar o circo cada dia em uma cidade diferente e vai ficando cada vez mais melancólico. Numa cena singela, o personagem desabafa: "faço todo o mundo rir, mas quem é que vai me fazer rir?"
O filme não suscita gargalhadas, mas nos leva a um questionamento sobre a vida, a carreira e a coragem de seguir os nossos sonhos. A maior sacada da história é mostrar que, às vezes, precisamos nos distanciar da nossa vida para observá-la de longe e aí sim, nos reapossarmos dela com sincera convicção.